terça-feira, 8 de setembro de 2009

Utilidade pública do coração


1998, Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Católica de Goiás. Na lista de chamada: Alessandra, Alejandro, Aline, Ana Paula e por aí vai. Nomes que não faziam parte da minha vida, salvo exceção de dois: Paula Renata e Carmem, geniais mulheres que estudaram comigo no ensino médio. De resto, calouros tímidos afogados em expectativas como eu. Com o tempo, o convívio "encorosado" nas aulas de CRIA (Criatividade Aplicada na Arquitetura) dava cor, tom e rusgas às personalidades que se revelavam.

Com o Alê foi amor e ódio a primeira vista. Excelente companheiro de trabalhos em grupo, aluno exemplar na sua genialidade daltônica, expressava formas com tamanha facilidade que eu não entendia: nem com facilidade e nem a facilidade das formas. Saida Cunha, artista plástica goiana - uma das pioneiras da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da UCG, era nossa orientadora favorita, assim como de todos os alunos da FAU. Todos (literalmente) conheciam suas canetas e lápis desorientados, atormentados!, que agregavam frenéticos círculos, piruetas, setinhas, linhas e pontinhos borrados nos desenhos encapados de melindres e inseguranças. Saida resplandecia - mais do que o seu já normal jeito resplandecido de ser - a cada prancha que o Alejandro genializava em rabiscos, sem deixar de agregar os dela, lógico... E fomos ficando mais próximos, eu e o Alê, talvez ligados pelo mesmo sentimento infantil - e hoje engraçado - de invasão dos alinhavos carinhosos e fundamentais da Saida. Fomos assim nos abrindo, o Alê e eu, entre compassos e nanquim, entre maravilhosos e inesquecíveis bifes acebolados de Dna Glécia e a turma de Lívia, Alessandra, Simone, Silvinha, Fabiane, Fábio, Fabrízio, Karla, Germana e outros tantos querid@s colegas. Por mais próximos que estávamos, tinha a distância, um não sei o quê mal resolvido inexistente, ou uma bobeira mental qualquer que a gente costuma fermentar pra nos atrapalhar a visão. Aí, um dia, o Alejandro foi fazer aulas de AutoCad14 com o meu pai. Paixão a primeira vista: dois carecas com humor ácido e pateta, entre (e)rase+enter e (t)rim+café.

Nessa época, eu já tinha largado a faculdade, e voltamos a nos encontrar - agora sem as barreiras dos trabalhos semi-profissionais que o curso nos instiga. A cumpliscidade fluiu. Fluiu tanto que é bom e necessário contar com o sigilo das garrafas vazias de Martini Bianco (nossa, nós tomávamos isso?!?!) e das paredes da minha primeira casa alugada. Excetuando os gravadores de mídias portáteis, os papéis, lápis e afins, se você quer contar um segredo, conte aos objetos: eles nunca revelarão a ninguém (sério?!? rss...). E dali pra frente, só festa.

Com honra, participei da diagramação do TG de Lelê, e tantas e tantas e tantas coisas que só mesmo o carinho do tempo pra conservar frescos esses momentos na nossa sentimental memória. Ele formou-se, eu fiquei pra trás. Seria uma honra me sentar ao lado dele na colação de grau, mas não tive esse prazer... Fiz, então, companhia aos amigos e familiares. Linda festa!...
E lá se vão 11 anos de convivência, respeito e sinceridade mensurados por uma equação em PG na razão do tempo.

Atualmente, o Lê está realizando mais um sonho. Aliás, penso que não somente um sonho, mas o primeiro traço firme de um dos seus objetivos de vida. Acredito que as coisas acontecem na soma de nossa parte com a do Sr. Tempo conspirando a nosso favor, ou tudo isso pela metade, porque temos pressa. Note: o Tempo sempre está a nosso favor, nós é que vamos contra ele. Um dia absorveremos que o Tempo é quem traz a maturidade. Hoje, o Lelê está com tudo ao seu favor, e sinto-me felicíssima por ele com este pequeno e importante passo. Agora, é deixar fluir...

Meu sincero e melhor abraço ao insubstituível amigo Alejandro Zenha, em delicadas pinceladas de sucesso, sorte, saúde e prosperidade nessa sua primeira exposição; e é com prazer que convido todos os que agora saborearam um pouco da nossa história. Posso garantir que os vermelhos daltônicos alejandrianos são tão intensos quanto os matisses! Já falando por ele, certamente é um privilégio mostrar aos olhos do mundo, um pouco dos "lugares (in)possíveis" que existem dentro dele. Espero te ver por lá!

Bjos temperados.


PS.: Para visualizar melhor as informações de local e data, clique na figura. Obrigada.


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